Um tema interessante este, iniciado ontem, domingo, no jornal Público, que irá debruçar-se sobre "seis retratos de personagens de banda desenhada", na edição dominical, em seis semanas consecutivas. A série apresenta-se sob o título "Heróis–Jornalistas na Banda Desenhada".
Para começar, são publicados dois artigos. Um, assinado por Hugo Real, intitula-se BD e Jornalismo – Uma história de fascínio, traça um panorama generalista, recorrendo inclusivamente a opiniões de Leonardo De Sá, estudioso e crítico, e a José Rodrigues dos Santos (sim, o apresentador da RTP, professor universitário e autor de um estudo sobre a importância da BD na História da Comunicação). O outro, intitulado Superman O super-repórter do Daily Planet, tem autoria do jornalista Carlos Pessoa, também crítico e estudioso da especialidade.
No que se refere a Hugo Real, ele nomeia diversos heróis da Banda Desenhada que se apresentam no papel de jornalistas, especialmente repórteres. Vê-se que não estão nada mal representados ao longo da História da BD, havendo alguns bastante famosos, como acontece com o Super-Homem (visível na profissão através do seu "alter-ego" Clark Kent) e com o Tintim.
Com Tintin aconteceu uma coisa curiosa, que observei atónito durante uns anos: muitos críticos portugueses, recorrentemente, acusavam-no de nunca ter escrito uma linha, ignorância devida ao facto, bem visível, de nunca terem lido o primeiro episódio.
Com efeito, esse episódio inaugural da série, com o título original "Les Aventures de Tintin, reporter du "Petit Vingtième" au Pays des Soviets", só em 1999 foi editado em Portugal pela Editorial Verbo.
Acontece que eu tinha adquirido, uns anos antes, em Angoulême, a edição "fac-simile" desse episódio "maldito" (Hergé nunca o redesenhou, como fez com os outros, nem autorizou a sua modificação, quer na redução do número de páginas, quer na impressão a cor). E nele se via Tintim a escrever – pela primeira e única vez, é um facto – ou, pelo menos, a tentar escrever (à mão, claro), um artigo. Ou, como ele próprio diz, em monólogo na edição portuguesa: "Toca a fazer um belo artigo". E vêem-se acumuladas numerosas folhas, já escritas, continuando o nosso herói a monologar: "Pergunto-me se já terei escrito o suficiente?".
Assim se verificou, muitos anos mais tarde, que o repórter Tintin tinha andado a ser acusado, injustamente, pelos críticos e bedéfilos portugueses, de nunca ter escrito qualquer artigo que lhes justificasse a sua, durante muito tempo, apenas presumível profissão. Que, aliás. ele faz questão de publicitar quando, em "A Ilha Negra", se identifica com a frase "Aqui, o repórter Tintin". Talvez não tenha sido muito prolífico a escrever, pelo menos que o seu criador, Hergé, no-lo mostrasse. Mas, e isso é que não sofre contestação, pelo menos uma vez ele escreveu. E bastante.
Para começar, são publicados dois artigos. Um, assinado por Hugo Real, intitula-se BD e Jornalismo – Uma história de fascínio, traça um panorama generalista, recorrendo inclusivamente a opiniões de Leonardo De Sá, estudioso e crítico, e a José Rodrigues dos Santos (sim, o apresentador da RTP, professor universitário e autor de um estudo sobre a importância da BD na História da Comunicação). O outro, intitulado Superman O super-repórter do Daily Planet, tem autoria do jornalista Carlos Pessoa, também crítico e estudioso da especialidade.
No que se refere a Hugo Real, ele nomeia diversos heróis da Banda Desenhada que se apresentam no papel de jornalistas, especialmente repórteres. Vê-se que não estão nada mal representados ao longo da História da BD, havendo alguns bastante famosos, como acontece com o Super-Homem (visível na profissão através do seu "alter-ego" Clark Kent) e com o Tintim.
Com Tintin aconteceu uma coisa curiosa, que observei atónito durante uns anos: muitos críticos portugueses, recorrentemente, acusavam-no de nunca ter escrito uma linha, ignorância devida ao facto, bem visível, de nunca terem lido o primeiro episódio.
Com efeito, esse episódio inaugural da série, com o título original "Les Aventures de Tintin, reporter du "Petit Vingtième" au Pays des Soviets", só em 1999 foi editado em Portugal pela Editorial Verbo.
Acontece que eu tinha adquirido, uns anos antes, em Angoulême, a edição "fac-simile" desse episódio "maldito" (Hergé nunca o redesenhou, como fez com os outros, nem autorizou a sua modificação, quer na redução do número de páginas, quer na impressão a cor). E nele se via Tintim a escrever – pela primeira e única vez, é um facto – ou, pelo menos, a tentar escrever (à mão, claro), um artigo. Ou, como ele próprio diz, em monólogo na edição portuguesa: "Toca a fazer um belo artigo". E vêem-se acumuladas numerosas folhas, já escritas, continuando o nosso herói a monologar: "Pergunto-me se já terei escrito o suficiente?".
Assim se verificou, muitos anos mais tarde, que o repórter Tintin tinha andado a ser acusado, injustamente, pelos críticos e bedéfilos portugueses, de nunca ter escrito qualquer artigo que lhes justificasse a sua, durante muito tempo, apenas presumível profissão. Que, aliás. ele faz questão de publicitar quando, em "A Ilha Negra", se identifica com a frase "Aqui, o repórter Tintin". Talvez não tenha sido muito prolífico a escrever, pelo menos que o seu criador, Hergé, no-lo mostrasse. Mas, e isso é que não sofre contestação, pelo menos uma vez ele escreveu. E bastante.
1 comentário:
A César o que é de César.
Muito bem, GL, a verdade tem de ser reposta.
Efectivamente o Tintin escreveu, ponto! Se muito ou pouco, isso já é outra questão.
Aguardemos então pelos próximos srtigos, e sobre quem serão.
JotaEme
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