sábado, janeiro 06, 2007

BD portuguesa nos fanzines (VII) - Autores: João Maio, Joana Figueiredo, Zamith, Abranches, Lemos, Coelho, Pepe, Chambel, Feitor & S.G.



 Prancha (a 5ª de 7) da autoria de João Maio Pinto, excerto da bd (sem palavras) Pennies from Heaven

 O Mesinha de Cabeceira, neste passo tornado "Popular", é um fanzine - aliás, mais prozine, afinal o editor é, em certa medida, um profissional da BD, visto que trabalha numa Bedeteca... - apresenta edição de alto nível estético, com colaboração artística de valor no panorama portuga.
A capa e uma prancha estão visíveis há algum tempo já, no meu outro blogue, o Fanzines de Banda Desenhada (http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com) .
Agora aqui, apenas como "teaser" para a aquisição da peça, ficam visionáveis pranchas (uma de cada, e é um pau) de todos os participantes. 
Excepção feita para o André Lemos, autor da prancha da bd Ícones Populares, em exposição virtual no blogue acima citado.

 Gang - Raped by Dolphins, estranho episódio em cinco pranchas (reproduz-se a segunda), criado pela imaginação, e complementado pelo traço, de Joana Figueiredo.  Pedro Zamith: um estilo inconfundível, uma imaginação delirante. Às imagens das três pranchas apenas falta a força das suas cores, marcantes num universo pictórico singular. 

De talento ecléctico e estilo que se adequa, a cada momento, ao tema em que agarra, Filipe Abranches é um dos autores-artistas que desde há muitos anos deslumbra os mais exigentes.
 Jorge Coelho - de quem conheço a trajectória desde muito jovem - está em progressão artística acelerada: cada bd que faz constitui sempre um salto qualitativo, nos planos estético e estilístico. No que se refere ao quadrante ficcional, desta vez baseou-se num argumento elaborado por "Marte" (ele próprio desenhador quando lhe apetece...). 
  Uma prancha (de oito), plasmada por Pepedelrey sob argumento de Nuno Duarte

Truculento, desconcertante, gozão, são alguns dos adjectivos que caracterizam o Pepedelrey (pseudónimo que nós, os que o conhecemos há muitos anos, simplificamos para Pepe), é o autor de uma das mais extensas bedês (oito, pranchas, oito!) que enchem esta mesinha de cabeceira de papel (zine também já chamado, em maré de alternância, por "meseira de cabecinha"). O Pepe é assim: sempre assoberbado de trabalho, constantemente a queixar-se da falta de tempo, mas quando lhe dá uma veneta, sai obra de visionamento recorrente obrigatório. Só lhe faltou, neste caso, ser o autor do argumento, parte realizada por Nuno Duarte, alguém de créditos já firmados nessa área.

 
Se há títulos compridos, este então é compridíssimo, tipo fusão entre grafismo, título e legenda. E o desafio "ao bruto que suava" (só entenderá quem vir/ler a peça) apenas termina no fim da segunda prancha. Onde se prova que também as palavras podem ser eróticas. 

Sim, João Chambel, editor de antigo e invulgar fanzine, salvo erro o Uivo da Selva (cito de cor, e a minha memória é uma caca), já andou em tempos pelos trilhos da BD. Todavia, sem favor, a prancha reproduzida acima, é de excelente nível, embora, claro, tenha mais a ver com Ilustração. Mas está lá a componente sequencial logo que se visiona a prancha seguinte e, hélas, última. Volta, Chambel (caro amigo e vizinho), a BD não te esquece. 


 
Sucessos Pop ilustrados #5 - Quem és tuuuuuuuuuu? Uma balada de David Dryfountain, com desenho de José Feitor, e texto de S.G.

Há muitos anos houve um semanário intitulado Sete que tocava vários sectores da arte e da cultura, onde cabia, obviamente, a banda desenhada. O Fernando Relvas, agora na Croácia onde passou a viver, se fizer aqui uma visitinha, vai lembrar-se das obras excepcionais que por lá andou a espalhar; bem assim os manos Colombo, o Vasco (sempre cá, ainda bem) e o Jorge agora lá nos States. 
E, em especial - para o caso que quero focar - o António Jorge Gonçalves, que fez muitas bedês do género para o título genérico Disco na Prancheta.

Aliás, foi deste último, e da ideia que na altura desenvolveu, que me lembrei ao ler/ver esta balada dum tal David Dryfountain (David Fonteseca, traduzindo literal e humoristicamente...), desenhada - e bem, com muito humor, em traço descontraído - por José Feitor que, a descansar do seu [fanzine] Zundap (não confundir com a [mota] Zundapp) vai fazendo umas incursões pela figuração narrativa, sempre dizendo que a especialidade dele é mais, tipo, ilustração. Yessssss.

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"Post" remissivo

Acerca do tema "BD portuguesa nos fanzines", podem ser vistos neste blogue mais "posts" indo à coluna "Archives", visitáveis nas datas indicadas abaixo:

(VI) Dez. 20 - Nuno Sarabando
(V) Nov. 24 - Paulo Monteiro
(IV) Nov. 12 - Autor: José Lopes
(III) Nov. 9 - Autores: Aires Melo (desenho), Daniel Maia (argumento)
(II) Nov. 1 - Autores: Rui Lacas, Pepedelrey, J. Coelho, Pedro Nogueira, Renato Abreu
I) Out.14 - Autores: Pedro Figue (desenho), Daniel Maia (arg.) 

Nota: Aos interessados em fanzines, alerta-se para o facto de haver, em relação a este chamado Barsowia (espanhol/galego), um "post" no blogue Fanzines de Banda Desenhada, no mês de Novembro (dia 24).

6 comentários:

Anónimo disse...

Só para dizer que a "ficcionalização" da história do Jorge Coelho não é dele mas sim de Marte, vulgo Marcos farrajota; assim como a de Pepedelrey que é escrita por Nuno Duarte.
Estranha esta omissão do Lino em mencionar os argumentistas!!!

Geraldes Lino disse...

Olá Adalberto Barreto, tens toda a razão em censurar-me. Por acaso até costumo chamar a atenção, nas minhas conversas sobre BD, do papel difícil e ingrato dos argumentistas. Mas, por omissão (involuntária) acabei por prejudicar esses dois espécimes raros que trabalham como argumentistas. O Marcos Farrajota ("Marte") às vezes também desenha, mas, neste caso, teve o trabalho menos visível, o de ficcionar, e eu não o mencionei.
Os meus pedidos de desculpa ao Marte e ao Nuno Duarte.
Obrigado, Adal.

Pepe disse...

Sempre a mesma coisa ó Lino!!!!
Pá, quando puderes passa no estúdio para falarmos, pá.
Sabes, isto do pá é bué da fixe da usare.
Bem...
Os argumentistas não tem o papel ingrato na produção de bd's ou de cinema ou de cinema d'aimação ou de seja lá do que for. Os gaxos são a estrema direita em pessoa, os pequenos ditadores que nos roubam as horitas de descanso e de convivio com a familia!!!! Ok, já chega.
Abrações
Pepe

Anónimo disse...

À falta de e-mail para onde mandar a informação que presumo lhe/vos interessará, informa-se aqui na caixa de comentários:

A Editora O Mundo em Gavetas lança, a 30 de Janeiro, no ANA Museu, um livro de BD portuguesa, intitulado "O 13ª PASSAGEIRO", com texto e guião por José António Barreiros e quadradinhos por Carlos Barradas.

Livro misto, a narrativa é algo ficcionada na BD, mas contada com rigor histórico no texto. O leitor segue, a par e passo, a estadia, em Lisboa, na Linha do Estoril e na zona de Sintra, no final de Maio de 1943, do actor Leslie Howard (de «E Tudo O Vento Levou», entre muitos outros filmes), que viria a morrer, em circunstâncias nunca esclareciase analisadas na obra, ao ser abatido, pelos alemães da Luftwaffe, o avião civil em que regressava a Inglaterra depois de ter estado em missão de divulgação da propaganda Aliada em Portugal e Espanha.

A capa, alguns quadradinhos e mais
informação disponível no nosso site:
http://www.omundoemgavetas.com

Pedidos mais de informação:
omundoemgavetas@gmail.com


pela editora,

Liliana Palhinha

Geraldes Lino disse...

Pepe, não tens cura, man. Espero que o Adal e o Nuno não passem aqui pelos "comments". Se o fizerem, lixados como devem ter ficado com a minha lacuna em relação a ambos, e agora com o teu ataque, os gaijos quando nos apanharem a jeito vão-nos fazer num molho de brócolos. Porta-te bem, man, não me lixes mais a vida :-(

Vick Meskal disse...

Meu caro:
parabéns pelo trabalho de Angoulême e tudo omais.
Lutando pela sua dama vai-te conferindo o ímpar papel de escudeiro de sua majestade.

Tenho notícias para te dar. Contata-me.
Abração,
Vick Meskal.