quinta-feira, dezembro 20, 2007

Concurso de banda desenhada na Figueira da Foz - Tema: Invasões Francesas

Criar uma banda desenhada tendo como tema as invasões francesas em Portugal poderá dar direito a prémio literário. Ou seja, esse período da História de Portugal é a ideia-base de um concurso de BD, em proposta de alto nível integrada na edição 2007 do prémio literário "Cidade da Figueira da Foz", em iniciativa do pelouro da Cultura da Câmara Municipal daquela cidade.
Como se entende, a obra pretendida terá carácter histórico, incidindo sobre as Invasões Francesas e a Guerra Peninsular.
E, pela primeira vez, a forma de arte escolhida foi a da Banda Desenhada, pese embora à opinião expendida por Teresa Machado, vereadora da Cultura da autarquia figueirense, que defende a ideia de que a BD não é um género literário. Sim, de facto trata-se de uma forma de expressão artística que comporta um tipo de linguagem mista, verbo-icónica, ou seja, expressa-se pela simbiose da componente literária com a da imagem.
Mas, já agora, se por acaso (improvável) a senhora vereadora ler este "post", tomo a liberdade de lhe dizer que, cada vez mais, os autores-artistas da especialidade classificam as suas obras como "novelas gráficas" (graphic novels) como, por exemplo, o notável Will Eisner.
Com efeito, a arte que intelectuais franceses, nos idos de sessenta do século passado classificaram de Nona, mistura harmoniosamente (nas obras de nível superior, quando realizada por autores de elevado gabarito, obviamente) as componentes literárias e ilustrativas, dando-lhe o direito de ser classificada como, lá está, Narração Figurativa, expressão da minha preferência pessoal, e que é bem explícita quanto à importância do texto na Banda Desenhada.
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Mas indo directamente ao concurso, e relevando as suas partes mais importantes, aqui fica uma síntese do regulamento:
1 - Esperam os organizadores que as bandas desenhadas concorrentes assumam uma função pedagógica sobre o tema da Guerra Peninsular, visto comemorar-se o seu bicentenário;
2 - Anexo ao regulamento que será entregue ou enviado a quem o requerer, será fornecida uma sinopse dos principais episódios ocorridos na Figueira da Foz, por motivo da 1ª Invasão Napoleónica;
3 - São admitidos a concurso os indivíduos de nacionalidade portuguesa ou estrangeira, residentes em Portugal.
Nota deste bloguista: É omissa a indicação da idade admissível para os concorrentes, pelo que se deduz não haver qualquer limite, nem de mínima nem de máxima.

4 - A data limite de entrega de obras participantes é 31 de Março de 2008;
5 - Será atribuído um único prémio, no valor de €3.500.00 (três mil e quinhentos euros). Todavia, em acréscimo, a C.M.de Figueira da Foz assume o compromisso de desenvolver esforços no sentido de chegar a acordo com uma editora a fim de publicar a obra premiada.
6 - Todas as bandas desenhadas a concurso terão de ser originais, inéditas e não premiadas anteriormente;
7 - Cada original deverá ser constituído por um número mínimo de 4 pranchas sequenciadas e numeradas, a duas cores, obrigatoriamente acompanhadas de sinopse do argumento da obra, com menção do título proposto para a mesma.
8 - As obras de BD participantes podem ser concebidas em qualquer técnica ou suporte, num formato máximo de A3 (420x297mm). As que forem realizadas em computador deverão ser remetidas em CD ou DVD, no programa em que foram concebidas e em formato TIFF ou JPEG (numa resolução mínima de 300 dpi) acompanhadas de 4 cópias impressas de boa qualidade, identificadas no verso com o nome do autor.
9 - As bandas desenhadas concorrentes poderão ser entregues directamente ou enviadas por correio registado (neste caso será considerada a data do carimbo dos CTT) para:
Prémio Literário Cidade Figueira da Foz 2007
Biblioteca Municipal Pedro Fernandes Tomás
Rua Calouste Gulbenkian
3080-084 Figueira da Foz

As obras terão de ser acompanhadas de um pequeno currículo, uma fotocópia do BI, número de contribuinte, morada e outros contactos (e-mail, nº de telefone ou telemóvel).

10 - Para a execução literária da obra, a organização sugere que os concorrentes efectuem pesquisa bibliográfica e iconográfica, para cuja concretiação a Biblioteca Municipal disponibiliza o envio, por correio, de um dossiê com documentação policopiada, mediante pedido endereçado a


(Um pormenor importante e dissuasor de meros curiosos: os respectivos portes de envio serão cobrados ao concorrente).

11 - No âmbito do contrato a celebrar entre a Câmara Municipal de Figueira da Foz e o autor vencedor do concurso, este comprometer-se-á a entregar a obra, com extensão entre 28 a 32 pranchas, arte-finalizadas, prontas portanto para a edição em livro, no prazo máximo de 6 meses a contar da data da comunicação da atribuição oficial do prémio.

Claro que, em caso de dúvidas, também será possível contactar a organização do concurso através do endereço electrónico acima indicado.

12 - Não é vulgar haver conhecimento público da constituição do júri de um concurso (posso dizê-lo com a autoridade de já ter participado em algumas dezenas de jurados), mas, neste caso, os nomes estão publicados, e aqui se registam:

Dr. Pedro Moura (crítico e pedagogo de BD) e, acrescento eu, brilhante ensaísta literário do blogue Ler BD). Ver no endereço: http://lerbd.blogspot.com/

Drª Rosa Barreto (Coordenadora da Bedeteca de Lisboa)

Comandante António Rodrigues Pereira (Director do museu de Marinha; Membro da Academia de Marinha)

6 comentários:

Unknown disse...

Ora aí está uma boa oportunidade para fazer uma BD sobre a minha terra (Amarante) e a sua história em torno das invasões francesas.

Nota-se por toda a cidade, principalmente na ponte e mosteiro de S. Gonçalo as marcas da balas, das batalhas que lá se travaram.

E uma mítica pedra numa aldeia que diz "Eles (as tropas francesas) por aqui não passaram"

Fica a ideia. ;-)

Abraço

Geraldes Lino disse...

Viva Hugo Teixeira
Por que razão não propõe às entidades responsáveis de Amarante a realização desse facto histórico em banda desenhada? Tem a seu lado a Vidazinha, excelente argumentista

Unknown disse...

Mas também tenho do meu lado um dos meus piores inimigos, o dono do mundo, o tempo. Ou neste caso a falta dele.

Já tive uma altura uma discussão de um grande amigo que tem uma loja, ou atelier de belas artes acerca disso, ele escrevia o argumento e eu fazia a BD, mas nunca tive tempo para um projecto assim enorme.

Unknown disse...

Muito bem Lino! Mais um outro concurso em que até prova em contrário não existe qualquer limitação de idade e com uma temática também ela bastante interessante, se o meu planeamento permitir provavelmente será um concurso onde terei o maior gosto de participar :)


Um Grande Abraço e aproveitando a quadra festiva, desejo-te a ti e aos teus um Natal muito feliz, recheado de coisas boas e também umas boas entradas :)

Geraldes Lino disse...

Viva Marques
Espero que ponhas em prática esse teu corajoso propósito.
Aproveito tb para te desejar Festas Felizes e um ano 2008 cheio de boas realizações (e uma boa entrada no ano, em plena Tertúlia BD de Lisboa, logo no dia 1, apesar de ser feriado:-)

Anónimo disse...

E ingenuidade minha ou qualquer coisa que seja para ser lida merece avaliacao literaria? Claro que isso implica discutir o que e qualidade literaria, quantas qualidades tem a literatura e que literatos tem qualidades (imaginem os acentos, sff), que qualidades humanas sao literarias, ou literalizaveis, enfim uma complicacao tao grande que nao me parece ser ja importante discutir se bd e genero literario ou poesia de jogos florais, ou manifesto de heroicidades.