Os desenhadores/autores de BD que ultrapassam a idade considerada juventude, são geralmente discriminados nos concursos de banda desenhada: pura e simplesmente, é-lhes vedada a participação.
Mas, para todas as regras - mesmo as inexplicavelmente injustas, logo, estúpidas - há excepções. E são os organizadores do Salão de BD de Moura que, honrosamente, criam essa excepção: para o Concurso de Banda Desenhada de Moura (já na sua 14ª edição), todos os que fazem BD (ou Cartune) podem concorrer, sem limites de idade.
Parabéns à inteligência e realismo dos alentejanos de Moura!
Vejamos, em resumo, algumas das alíneas do Regulamento deste mourense 14º Concurso de Banda Desenhada e "Cartoon" (*)
(*) Para quando a coragem ortográfica de aportuguesar a palavra "Cartoon" para "Cartune"? Alguém escreve ainda "Foot-Ball", termo original de Futebol?
Exigência especial do concurso : Há tema obrigatório, que é "O Gato"
1º ponto importante: os concorrentes têm de enviar pranchas originais, com obras (bedês ou cartunes) inéditas, identificadas no verso com nome, morada, e-mail e contacto telefónico.
2º aspecto a ter em conta: Bedês ou Cartunes tanto podem ser feitos a cores, como a preto e branco, no formato máximo de 50x50cm (um quadrado? que disparate!), mas os organizadores aconselham , logicamente, para facilitar posterior publicação, os formatos A3 (29,7x42cm de altura) ou A4 (21x29,7cm de altura).
Mínimo e máximo de pranchas ou tiras: entre duas e seis.
3ª chamada de atenção: Tudo o que for executado através de computador terá de ser enviado em CD ou DVD, no programa onde o trabalho foi concebido (photoshop, por exemplo), e em formato TIFF ou JPEG (numa resolução mínima de 300 dpi), acompanhados por impressão digital (a organização prefere escrever "print") de boa qualidade, em papel fotográfico.
4ª exigência, quase desnecessária: Os textos têm de ser apresentados em português. E (chamada de atenção pertinente) fica estipulado que os erros ortográficos (naturalmente, aqueles que se percebe serem devidos a ignorância, e não a mera distracção) serão considerados com peso negativo na apreciação global do júri.
5ª exigência, a cumprir com rigor - Prazo limite de entrega: 20 de Abril (quando as pranchas forem enviadas por correio, faz fé a data do carimbo).
Idades dos concorrentes - No que concerne a este assunto, haverá dois escalões:
A - Para quem tenha 13 e 25 anos (inclusive) à data limite de entrega;
B - Dos 26 anos em diante, sem limite (uma abertura democrática, sim senhor!).
6º aspecto, exactamente um que muito interessa aos concorrentes (ninguém gosta de trabalhar para aquecer), os prémios:
- Melhor Banda Desenhada: €750.00 (+ Colecção de BD + Diploma)
-Melhor Tira: €350.00 (mais o resto já indicado)
-Melhor Cartune: €350.00 (mais idem,idem)
- Melhor obra de autor do Concelho de Moura: €200.00 (mais tal e coisa)
- Prémio Juventude (para distinguir o vencedor entre os que, à data de entrega, tenham entre 13 e 17anos, inclusive):€200 (e mais a colecção de BD, e mais o Diploma; um diploma, para um jovem, é bom incentivo, sim senhor).
Nota animadora: Poderá haver Menções Honrosas (€150.00 + o resto), caso o júri assim o entenda.
Exposição: Ainda a cargo do júri (já lá estive, deu trabalho...) ficará a selecção das obras para serem expostas num dos espaços dedicados à 16ª edição do Salão de Banda Desenhada, de Moura, que terá lugar entre 26 de Maio e 3 de Junho.
Para onde enviar? Todas as obras participantes (BD em pranchas ou tiras, e Cartunes) têm de ser acompanhadas por curto currículo, fotocópia do BI, nº de contribuinte, e enviadas para:
Câmara Municipal de Moura
Gabinete de Informação, Imagem e relações Públicas
14º Concurso de BD e "Cartoon" - Moura 2007
Praça Sacadura cabral
7860-207 Moura
Quaisquer dúvidas podem ser esclarecidas pelos telef. 285 250 493 ou 285 250 400 (ext.5606), ou para o e-mail: mourabd@iol.pt
Para terminar: Há, entre os que gostam de fazer BD, quem já tenha concorrido ao concurso anual do Festival da Amadora, e não entenda os critérios daqueles júris (de que também fiz parte nos primeiros cinco, seis anos). Para esses, aqui fica uma ideia: para júris diferentes, critérios diferentes. Por que não tentar a experiência de mudar da Amadora para Moura?
15 comentários:
Caro Geraldes Lino, ontem deparei com um escrito seu publicado numa revistinha que eu tinha acabado de comprar num quiosque.
É uma coisa já antiga, mas pelos visto está a aparecer novamente nos postos de venda. Quando vi a capa (do Jonny Hazzard) lembrei-me de outros tempos (do Mundo de Aventuras mais precisamente) e não resisti a comprar. Era um pack com três revistas com o titulo de herois inesqueciveis.
Sabia que essa revista estava a ser novamente posta à venda em packs?
Então e e e...prazo de entregaaa?
Prazo de entrega: 20 de Abril!
Os contactos para esclarecer qualquer dúvida estão indicados no "post", mas, de facto, nem eu quando li nem o Lino quando escreveu, demos pela ausência desta informação tão importante!...
Acontece!
Olá Zarzanga
Agradeço-te a chamada de atenção. Já corrigi o "post".
Entretanto, como o Rico já te respondeu, estás esclarecida.
Caro João Dias
De facto, essa revista que cita foi uma das várias em que colaborei.
Não sabia que ainda andava por aí à venda. Provavelmente o editor está a usar a estratégia de distribuir as sobras. Mas, provavelmente, para quem agora queira fazer a colecção completa, já será muito difícil.
Participei na ultima edição do Moura BD onde recebi uma menção honrosa. Nunca tinha participado em concursos antes e o premio deu vontade para criar mais.
Com muita pena minha, este ano nao devo conseguir participar, devido aos prazos q ja tenho em outros projectos mas espero conseguir ir ao festival.. Em todo caso nao desistirei d tentar criar nem q seja um cartoon..
O regulamento do concurso é omisso em relação à possibilidade de os trabalhos apresentados serem realizados por duplas de autores, um argumentista e um desenhador.
Será que o caro Geraldes Lino me poderá ilucidar?
Requiem
Caro "Requiem":
Não estando referida no regulamento a participação conjunta de autores, parece-me, contudo, que esteja relativamente claro que ela é permitida (um regulamento, por norma, só refere pontos obrigatórios ou proibitivos, partindo-se do pressuposto que tudo o resto será permitido!).
Aliás, em anos anteriores, já temos premiado duplas de autores.
De qualquer modo, fez bem em colocar a questão uma vez que outros potenciais concorrentes no-la têm colocado também, via e-mail.
Esperemos que agora fiquem totalmente esclarecidos.
Boa sorte para o concurso, caso decida participar.
@@Caro Carlos Rico
Ainda bem que estás atento aos comentários dos visitantes deste blogue. Aliás, agora, antes de começar a mexer nele (blogue,claro), tentei falar contigo, mas tens o tlm desligado.
Queria exactamente chamar-te a atenção para a dúvida deste "requiem" porque, se não estou equivocado (a minha memória atraiçoa-me às vezes, demasiadas...), julgo que, embora no regulamento deste ano o caso esteja omisso, em regulamentos anteriores do Concurso de BD de Moura este aspecto estaria contemplado. Mas como tenho lido tantos regulamentos (e até já os escrevi, há muitos anos, para os concursos do Clube Português de Banda Desenhada), talvez esteja a pensar mal. Sei que, para estes casos de equipas, no CPBD estabelecemos que, em relação à inclusão no respectivo escalão, a idade que contaria seria a do componente mais velho da equipa.
Esta resposta, julgo eu, pode ser respeitada pelo visitante "Requiem". Se tiveres algo a corrigir, agradeço que o faças para este espaço de comentários, porque talvez o "Requiem" ainda cá volte (será a única forma de o contactar).
Obrigado a ambos os senhores pela gentileza das suas respostas.
Além de bedéfilo entusiasta e argumentista (muito) amador, sou advogado. Em relação aos casos omissos em qualquer regulamento, existe sempre a possibilidade de a omissão se dever a simples distração dos seus autores, que apesar de pretenderem impor determinada proibição ou obrigatoriedade, o não tenham feito por mero lapso.
Em relação à questão da determinação do escalão pela idade do participante mais velho, parece-me evidente que assim seja.
Agradecendo novamente a v/ atenção, rogo para que, em caso de um dia, porventura, algum de vós necessitar de me contactar, me procure no forum CC, de que sou utilizador assíduo.
Caros Geraldes Lino e "Requiem":
O nosso concurso em 14 edições já teve muitas alterações ao regulamento (quase tantas quantas as edições que leva!). Isso deve-se ao facto de procurarmos que haja o máximo de lealdade e de justiça na participação de todos os concorrentes. Mas não tem sido fácil. Vou dar dois exemplos:
1) Houve um ano em que uma rapariga nos escreveu a perguntar se era possível uns amigos alemães concorrerem. É claro que nos surgiu logo o problema de aparecerem trabalhos em lingua estrangeira (que, nessa altura, não estava regulamentada). Daí a obrigatoriedade, actualmente, de "os textos,quando os houver, serem em português". Era uma coisa óbvia mas que, não estando regulamentada, deixaria sempre margem para alguém reclamar.
2) Houve uma altura em que os trabalhos começaram, com alguma frequência, a ser realizados, na totalidade ou em parte, a computador. São os novos tempos e a BD tem que os acompanhar!
Quem utilizasse esta técnica, enviaria sempre, como é óbvio, uma cópia do seu trabalho (o "original" ficaria sempre no seu PC). Isto está claro como água mas, ao mesmo tempo, também fez com que muita gente que desenhava a pincel e que não gosta de se desfazer dos seus originais começasse a enviar a concurso cópias digitalizadas dos seus trabalhos! Ora nenhum concurso, penso eu, deve aceitar cópias (isso desvirtua o trabalho do autor e pode levar o júri a tomar decisões erradas, para além de não ser minimamente leal para com o público que vai, depois, ver a exposição). Por isso mesmo, colocámos um ponto no regulamento que obriga o autor a enviar originais (ainda que isto fosse algo que nos parecia, desde logo, naturalíssimo). Por isso mesmo, também, este ano os utilizadores do computador para criar BD têm de enviar um ficheiro que prove que a arte final é executada a computador (e não apenas a legendagem como muita gente faz para tentar não enviar o original a tinta!).
A questão dos escalões também não tem sido fácil de gerir uma vez que muita gente é da opinião que os concursos são para os mais novos e que deveriam estar bloqueados aos autores mais veteranos. É verdade que num concurso há que dar lugar a muitos jovens com talento que por aí há. Mas também não deixa de ser verdade que os autores mais velhos (leia-se com mais de trinta anos) "também têm direito à vida". Até porque não há mais nenhum concurso onde eles possam entrar... Por isso mesmo, criámos dois escalões etários e um prémio específico para o melhor jovem autor (entre os 13 e os 17 anos)!
Quanto à questão das duplas de autores (ou triplas, ou seja o que for), ela, de facto, não está explicitamente regulamentada mas julgo que é ponto assente que a idade do autor mais velho é a que conta para efeitos de escalão. Lá está, mais um caso em que, para que não restem dúvidas, teremos que mexer, para o próximo ano.
Saudações bedéfilas e desculpem este "sermão" que já vai longo...
Carlos Rico e Geraldes Lino
Sobre envio de originais e sobre o que se considera hoje como "originais", gostaria que fosse esclarecido este ponto, principalmente no que tange à situação que a seguir descrevo.
Tenho por hábito, designadamente nos últimos trabalhos, executar a arte final em pranchas de formato A3, a caneta e a pincel; no entanto, os balões têm sido feitos em computador (no vulgar "word"), impressos, recortados e colocados nas vinhetas. Ora, como é óbvio, o original que vai sofrer a cor, não é este exemplar "a negro", com recortes e correcções, mas sim uma fotocópia, toda ela a negro, sobre a qual recairá a pintura.
Assim, este exemplar colorido, apesar de ter sido executado em suporte fotocopiado, assume a qualidade de original. São da mesma opinião?
Ora aqui está um caso que pode ter inúmeras interpretações!
Na minha opinião acho correcto que se aceite esse trabalho a concurso, na medida em que a fotocópia foi utilizada como instrumento de trabalho, digamos. O resultado final, a cores será sempre diferente e único em relação ao original (a preto e cheio de colagens) com que o autor fica em casa. Não que me repugne que os autores enviem trabalhos com recortes e colagens, bem pelo contrário. Até acho interessante porque permite ver a técnica que cada um utiliza, as correcções que faz, etc.
O que eu não concordo é que se utilize a fotocópia ou a impressão para evitar enviar o trabalho original, percebe? Por exemplo, alguém que faz um trabalho completamente manual, digamos (desenha o esboço a lápis, passa a tinta da china, dá cor com o pincel e desenha as legendas a "Rotring", passe a publicidade) e depois de tudo isto, resolve tirar uma fotocópia de alta qualidade e enviar...
Isto é que não está correcto.
Em relação ao seu caso, a minha opinião não significa que o seu método seja aceite por toda a gente. Cada caso é um caso e eu não lhe posso garantir que um elemento do júri considere que fotocópias coloridas são originais... Em todo o caso, acho que deve enviar os seus trabalhos, claro.
PS: Esclareço, desde já, que não vou ser júri do concurso.
Agradeço ao Carlos Rico os esclarecimentos. Acho mesmo que este espaço serviu como uma verdadeira aula de BD, para além de permitir uma troca de ideias e de conceitos que não são meramente académicos.
Embora não seja - por motivos de disponibilidade temporal - concorrente,o que me daria muita honra, quero deixar expresso o incitamento a todos os eventuais interessados para que o sejam (concorrentes), uma vez que é nestes eventos que se encontram e se reconhecem os valores e possíveis futuros artistas da 9ª Arte.
Aproveito para agradecer a vossa iniciativa, uma vez que ela publicita, não só entre os bedéfilos mas em toda a comunidade em geral, a arte da história desenhada; isto significa que publicita o trabalho da banda desenhada e todos os seus artistas.
Ao Carlos Rico e ao Geraldes Lino, um grande abraço.
Obrigado pelo seus incentivos e acho que está na hora de o Lino criar um "fórum" sobre BD (risos)!
Outra coisa: este "post" deve ter batido o recorde de comentários (já vai, pelo menos, em 15!). Não deixa de ser, se calhar, um tema interessante para fazermos um pequeno debate em Moura, durante o salão que se aproxima...
Grande abraço
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