"Fanzaines"? A ignorância que há sobre os fanzines já chegou ao ponto de aparecer assim escrito, "fanzaines", no programa do 5º Encontro Nacional de Ilustração, que se irá realizar entre 15 de Outubro e 23 de Novembro, nos Paços da Cultura da Junta de Freguesia de S. João da Madeira.
No programa provisório que é apresentado no site daquela entidade vai-se lá ter clicando na alínea "Programa", e em seguida no dia 20 de Outubro de 2012, para tomar conhecimento das actividades daquele dia.
E depara-se-nos, na 7ª linha, esta aberração ortográfica, no que se refere aos fanzines:
Um estúdio frutífero em fanzaines! (Nota a posteriori: não sei em que data, mas o absurdo disparate já foi corrigido, alguém responsável terá lido este comentário, haja zeus. Escrevo isto em 4 de Outubro)
E quem são os especialistas que irão falar sobre este tema? Lindomar Sousa e Olímpio Sousa (os irmãos angolanos organizadores do já prestigiado, a nível africano, Festival de Banda Desenhada de Luanda), e J.Mascarenhas (criador da muito conhecida personagem de BD, "O Menino Triste").
Obviamente que não foi nenhuma destas três personalidades ligadas à banda desenhada (eles próprios editores de fanzines), quem escreveu tão incrível barbaridade linguística.
Mas que ela está lá, está (já não está, nota "a posteriori"), escarrapachada no dia 20 de Outubro no programa do evento, visionável no endereço:
http://www.fsjm.pt/quintoencontroilustracao/programa.asp
Imagens que ilustram o "post" (de cima para baixo)
1. Tira de banda desenhada dedicada aos fanzines do autor brasileiro Laerte
2. Capa da obra "Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal", única obra portuguesa sobre fanzines, da autoria de Leonardo De Sá e Geraldes Lino
3. Capa do Fanzine das Xornadas de Ourense (Galiza, Espanha)
4. Capa do fanzine francês Sapristi
5. Boa ilustração com imagem arquitectural que talvez tenha a ver com o local do evento
P.S. - Obrigado, Rui Brito, por me teres chamado a atenção para mais esta prova de desconhecimento do fenómeno fanzinístico.
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As anteriores postagens relacionadas com este tema podem ser vistas, basta para isso clicar no item Fanzines esses desconhecidos visível aqui no rodapé
3 comentários:
Como alegre praticante da descontrução do português numa amalgama de palavras sem outra intenção que não a vivência delas pela experimentação, e particular praticante da feminização do termo fanzine (e não, não precisam de soltar os cães de novo: dou a vossa argumentação como fundamentada e correcta. O zine é masculino. feito. fechado. tranquilo. mas para mim é gaja...)
até os promotores da coisa explicarem a ideia, eu não atiro pedras, pode sempre não ser um atentado tão ignorante quanto isso.
Bom, sem ser por desconstrução, como você intelectualmente faz, há uma grande tendência actual para, por ignorância ou moda, se fazer a feminização de algumas palavras.
Exemplos: de há uns tempos a esta parte oiço muitos homens dizerem "obrigada" (ou "obrigadinha", os mais humildes e/ou subservientes). Como se sabe, a palavra "obrigado" é a síntese do facto de eu, homem, querer dizer que fico obrigado a retribuir o favor que o meu interlocutor me fez (claro que se for uma mulher a agradecer, aí sim dirá "obrigada" com toda a propriedade).
Outro exemplo: por vezes, uma das bebidas que peço num bar é um vodka (ou um uísque). Em seguida oiço o empregado dizer "uma vodka", assim com o ar de quem me corrige. Não tenho nada contra, não me choca, não estou a protestar, neste caso é irrelevante, apenas constato a mudança.
Quando você diz que para si um fanzine é gaja, faz-me lembrar o seguinte episódio: há alguns anos fui convidado para fazer uma palestra sobre o fenómeno dos fanzines na Escola Superior de Arte e Design - ESAD, nas Caldas da Rainha.
No fim da minha participação, uma jovem dirigiu-se-me: "Estou a pensar fazer uma fanzine". Perguntei-lhe: "Mas por que é que insiste usar o feminino, depois de tudo o que me ouviu dizer?"
"Porque acho que a palavra é feminina", respondeu (seria a sua alma gémea? :-)
Retorqui: "Olhe, eu por mim acho que a palavra filme é feminina. Vou passar a dizer "uma filme". Acha bem que cada um de nós altere os géneros das palavras, a nosso bel-prazer?".
Diz você: "Como alegre praticante da desconstrução do português" (...) até os promotores da coisa explicarem a ideia (...)".
Você acha mesmo, sinceramente, que um/a funcionário/a de uma Junta de Freguesia também seja "um alegre praticante da desconstrução do portugês", e o faça no texto de um programa publicado pela entidade autárquica, com a descontracção com que você o faz no seu fanzine "Os Positivos"?
Será que você faz essa tal desconstrução ortográfica na sua actividade profissional?
Bom, sem ser por desconstrução, como você intelectualmente faz, há uma grande tendência actual para, por ignorância ou moda, se fazer a feminização de algumas palavras.
Exemplos: de há uns tempos a esta parte oiço muitos homens dizerem "obrigada" (ou "obrigadinha", os mais humildes e/ou subservientes). Como se sabe, a palavra "obrigado" é a síntese do facto de eu, homem, querer dizer que fico obrigado a retribuir o favor que o meu interlocutor me fez (claro que se for uma mulher a agradecer, aí sim dirá "obrigada" com toda a propriedade).
Outro exemplo: por vezes, uma das bebidas que peço num bar é um vodka (ou um uísque). Em seguida oiço o empregado dizer "uma vodka", assim com o ar de quem me corrige. Não tenho nada contra, não me choca, não estou a protestar, neste caso é irrelevante, apenas constato a mudança.
Quando você diz que para si um fanzine é gaja, faz-me lembrar o seguinte episódio: há alguns anos fui convidado para fazer uma palestra sobre o fenómeno dos fanzines na Escola Superior de Arte e Design - ESAD, nas Caldas da Rainha.
No fim da minha participação, uma jovem dirigiu-se-me: "Estou a pensar fazer uma fanzine". Perguntei-lhe: "Mas por que é que insiste usar o feminino, depois de tudo o que me ouviu dizer?"
"Porque acho que a palavra é feminina", respondeu (seria a sua alma gémea? :-)
Retorqui: "Olhe, eu por mim acho que a palavra filme é feminina. Vou passar a dizer "uma filme". Acha bem que cada um de nós altere os géneros das palavras, a nosso bel-prazer?".
Diz você: "Como alegre praticante da desconstrução do português" (...) até os promotores da coisa explicarem a ideia (...)".
Você acha mesmo, sinceramente, que um/a funcionário/a de uma Junta de Freguesia também seja "um alegre praticante da desconstrução do portugês", e o faça no texto de um programa publicado pela entidade autárquica, com a descontracção com que você o faz no seu fanzine "Os Positivos"?
Será que você faz essa tal desconstrução ortográfica na sua actividade profissional?
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