terça-feira, março 15, 2016

Exposições BD Avulsas - José Garcês, 70anos a fazer BD







 Em mais uma colaboração entre o Clube Português de Banda Desenhada-CPBD e a Biblioteca Nacional de Portugal-BNP (*) ficou hoje - 15 de Março, 3ª feira - patente ao público uma exposição de BD dedicada a José Garcês, homenageando-o pelos 70 anos que conta a trabalhar para a banda desenhada.

A exposição mostra páginas de revistas com excertos de obras suas, como acontece com as quatro primeiras bandas desenhadas que fez para a 1ª série de O Mosquito (a série mais importante): "O Inferno Verde", "O Império Enlutado", "O Segredo das Águas do Rio" e "A Maldição Branca"
Esta fase inicial do conceituado autor data de 1946.

Outras bandas desenhadas publicadas em diversas revistas, cujas páginas se podem apreciar na mostra:

"Rumo a Oriente" (1949) uma das três histórias publicadas na 1ª série (também a mais importante) da revista Camarada;

"Viriato" (1952), bd de cariz histórico publicada na revista Cavaleiro Andante;

"Fathma" (1953), história publicada na revista Lusitas dedicada às raparigas (tal como seria depois a Fagulha, dois casos dignos de estudo);

"A Ave Encantada" (1954), publicada no suplemento A Joaninha da revista Modas e Bordados. O suplemento era dedicado às filhas das compradoras da revista;

"Eurico o Presbítero" (1955), bd baseada no romance de Alexandre Herculano. A bd foi publicada na revista Modas e Bordados, dedicada às senhoras; 

"O Elefante Branco" (1958), bd publicada na Fagulha, revista editada propositadamente para as raparigas da Mocidade Portuguesa Feminina;

"A Morte do Lidador" (1960), bd baseada na obra de Alexandre Herculano, publicada na 1ª série (a melhor) da revista Falcão;

"D. Henrique, o Navegador" (1960), publicado na revista Camarada (2ª série); 

"O Capitão Meia Noite" (1961), bd publicada em O Mosquito (2ª série). 
Trata-se de um caso inédito: uma versão de José Garcês (ver imagem do topo do post) baseada na obra original do inglês Walter Booth, que tinha tido grande êxito na 1ª série de O Mosquito.

 
Para além das revistas citadas, há ainda uma construção em papel dedicada ao "Mosteiro da Batalha"(1988), desenhada por José Garcês e por ele próprio montada propositadamente para a presente mostra.    

(*) Comissários da exposição: 
Carlos Gonçalves e João Manuel Mimoso.

Nota 1: Ainda não há Folha de Sala, mas está previsto que haja.
Nota 2: A mostra estará montada até 16 de Abril de 2016
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JOSÉ GARCÊS

Síntese biobibliográfica

José dos Santos Garcês, Lisboa, 23 de Julho de 1928. 
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio. 
 

Iniciou-se na Banda Desenhada em 1946 no jornal infanto-juvenil O Mosquito
Para lá fez "O Inferno Verde", a sua primeira bd aos dezoito anos, tendo posteriormente colaborado em O Papagaio e no Camarada. Encontramo-lo também na Fagulha, revista infantil editada entre 1958 e 1974, preenchida por muitas bandas desenhadas e colaborações literárias cuja autoria, em ambas as vertentes, era feminina na sua maioria, e intencionalmente projectada para leitura das raparigas.
Mas também houve alguns autores a colaborarem, José Garcês, foi um deles, embora quase sempre sob argumentos escritos por mulheres, o que prova a forte influência feminina na revista.
Nessas condições, lá se encontram numerosas histórias suas - chega a haver duas em publicação simultânea! -, como seja "O Camaroeiro Real" (com Isabel Falcão a escrever o argumento), "O Elefante Branco" (sendo o argumento assinado por Madressilva), "A Grande Caçada" (no argumento, Maria Clara Tavares da Silva), "O Terror da Floresta", história escrita por Teresa Sampaio. 
Esta copiosa produção que comporta várias bandas desenhadas no género animalista, acontece em paralelo com bedês suas no período 1952/61 para o Cavaleiro Andante, publicação periódica que marca toda uma vasta camada de leitores, onde é mostrada uma das suas importantes obras de carácter histórico intitulada "Viriato".
Aliás, neste género se baseia grande parte da sua carreira na BD, bem como na adaptação de obras literárias, caso de "Eurico, o Presbítero", de Alexandre Herculano, que fez para o suplemento Joaninha da revista Modas e Bordados. Afora as já citadas publicações com colaboração sua, há que acrescentar outros títulos: Lusitas, Girassol, Titã, Falcão, Zorro, Pisca-Pisca, Mundo de Aventuras, Tintin, Fungagá da Bicharada, Selecções BD (2ª série). 
Também se encontra trabalho seu em suplementos de jornais, em fanzines e obras várias. Nos primeiros, além do já mencionado Joaninha, passou igualmente pelo Pim-Pam-Pum, acompanhante infantil do jornal O Século, pelo Pirilim (1979/80), suplemento de O Comércio do Porto e pelo suplemento/revista Notícias Magazine, englobado nos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias, tendo entre vários outros autores, criado um episódio para a personagem "Maria Jornalista". 
Nos fanzines, além de ter sido faneditor, em 1944, de O Melro, um fanzine avant la lettre, ou seja, quando entre nós ainda se desconhecia o conceito, autorizou a publicação de obras antigas suas nesses magazines amadores, pelo que nesse quadrante se encontra representado no Almada BD Fanzine e Cadernos Sobreda BD. Em 2007 voltou a colaborar num fanzine, o  Efeméride, com um episódio curto, de prancha única, dedicado ao Príncipe Valente.  
No capítulo das obras várias merece relevo o episódio "Os Argonautas", em seis pranchas a cores e alguma carga erótica na obra colectiva "Vasco Granja... 1000 Imagens", editada em 2003, onde introduz como personagens, além do homenageado, José Ruy e Machado Diniz.
Em álbum, é logo no início dos anos 1960 que, pela primeira vez, obra sua aparece. Tratou-se de volume colectivo, acompanhado por Baptista Mendes, Hernâni Lopes, José Antunes, José Ruy, Manuel Ferreira e Victor Paiva, sob o título genérico "Grandes Portugueses". A sua colaboração restringe-se ao primeiro de dois tomos, nela tendo desenhado seis episódios de uma só prancha dedicados a personagens históricas: Viriato, Infante D. Henrique, Serpa Pinto, entre outras. Cerca de vinte anos mais tarde, em 1983, a Editorial Futura recupera para álbum uma sua antiga adaptação literária de obra de Alexandre Herculano à BD, "Eurico o Presbítero".
Entre 1986 e 1989, sob texto de A. do Carmo Reis, desenha a sua obra de maior fôlego (quatro volumes) a "História de Portugal".
Sucessivamente, Garcês foi realizando sozinho ou trabalhando com argumentista, uma longa série de obras de BD publicadas em álbum. 
De 1988 até hoje os títulos sucedem-se: "Bartolomeu Dias", "O Tambor/A Embaixada", "Cristóvão Colombo Agente Secreto de João II" (dois tomos), "D. João V - Uma Vida Romântica", "História do Jardim Zoológico de Lisboa em Banda Desenhada", "História da Guarda-Oitocentos Anos de Cidade", "História de Oliveira do Hospital-Povo Valoroso Passado Heróico", "História do Porto em BD", "História de Ourém", História de Pinhel", "História de Faro em BD", "O Lince Ibérico".
Foi feita no corrente ano de 2015 a reedição em fanálbum pelo GICAV da obra "Viriato", publicada originalmente na revista infanto-juvenil Cavaleiro Andante nos anos 1952-53. O lançamento da peça teve lugar na inauguração em Viseu da exposição "Viriato na BD". 
Está em vias de edição "A História de Silves em BD". 
Geraldes Lino
 

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