quarta-feira, março 23, 2016

Visão faz retrospectiva com antigas revistas de BD











Oferecer exemplares de antigas revistas portuguesas de BD em edições quase fac-símile é a inesperada iniciativa da Visão, que se concretizou hoje, 4ª feira, 23 de Março (embora a revista tenha a 5ª feira como dia normal de saída, tanto assim que apresenta na ficha técnica 24 de Março como data desta edição nº1203).


A iniciar o projecto, a cópia de revista antiga publicada hoje como encarte foi um exemplar de O Falcão (nº577, de 1971), que apresenta mais uma aventura do popular Major Alvega, aviador britânico, e não português, chamado realmente Robert Hereward Britton, que passou a ser conhecido no seu país de origem pelo nome de guerra Battler Britton, enquanto que entre nós teve um nome português - criado para respeitar regras absurdas em vigor em Portugal na época -, o pomposo Jaime Eduardo de Cook e Alvega.

A ideia é grata para os veteranos amantes de BD (a escolha das revistas foi dos editores da Visão, e não do Clube Português de Banda Desenhada-CPBD, apenas parceiro da iniciativa (*), talvez atendendo a que a maioria dos seus leitores também se incluirá num escalão etário elevado), a quem estão prometidas mais cinco cópias de revistas famosas na sua época: Mundo de Aventuras (30 de Março), Jornal do Cuto (7 de Abril), Cavaleiro Andante (14 de Abril), Colecção Galo (21 de Abril), e O Mosquito - 4ª série, número único (28 de Abril). 

Escrevi no parágrafo inicial, "quase rigorosamente fac-símile" porque, na realidade, a reprodução agora editada apresenta-se com formato igual à da revista Visão (19x26cm) e não com as medidas 13x18cm com que se apresentava a edição original de O Falcão (2ª fase).

Além desta alteração ao seu formato real, opção discutível, também a reprodução do miolo peca por deficiente digitalização efectuada pelas oficinas gráficas onde é impressa a Visão, o que ocasiona verem-se as sombras das imagens existentes no reverso da folha, defeito a que é alheio o CPBD que cedeu para ser reproduzido um exemplar da antiga revista em bom estado de conservação.

Vamos esperar que as próximas entregas se apresentem sem  este defeito

(*) A contra-proposta do CPBD foi para serem reproduzidos nºs 1 de revistas antigas, o que não foi aceite. 
No caso presente, o clube apenas se limitou a fornecer exemplares das revistas originais pedidas pelos responsáveis da Visão para as replicarem. 

16 comentários:

Manuel Caldas disse...

Um desastre de iniciativa!

Santos Costa disse...

Geraldes-Lino
Boa tarde, Amigo

O poeta Sá de Miranda, dirigindo-se a uma senhora (e não ao Pacheco Pereira e ao Abrupto), cantou mais ou menos isto:
Isto passado, quando me desponho,
e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m'espanto às vezes, outras m'avergonho.

Serve esta entrada com letras do alheio para dizer que também me espanta o que vou lendo e vendo, principalmente, e no caso, sobre a BD.
E o que me espanta, se não foi um petardo ou um bácoro a pedalar?
Muito simplesmente a reacção negativa que se produz relativamente à iniciativa da Visão e do CPBD. Isto me leva a pensar - depois do espanto - que se critica porque se não divulga e se critica quando se divulga, ou seja, preso por ter cão e preso por não ter.
Se a Visão envolve um encarte com BD, só é de apreciar a iniciativa; se o CPBD conseguiu esse feito, é de louvar a oportunidade. Ponto final.
Dizer que é um dos exemplares, dos muitos sobre o Major Alvega em vez de ser outro, não sei onde está a questão, até porque este - pese embora as imperfeições de tratamento gráfico - é daqueles que contaram com um excelente desenhador, o John Cullen Murphy, se não estou em erro, pois o traço parece-me o dele a tal ponto que vejo no Alvega o Ben Bolt (e nem lhe falta o boxe).
Se m'avergonho, é porque entendo que há por aí quem confunda BD dos velhos com BD dos novos e a BD não tem idade - é arte eterna (assim o espero) e lê quem quer, a mais não é obrigado. Eu leio tudo, novo e velho, e não m'avergonho de o dizer. Dizer mal ou depreciar quem quer evidenciar determinada fase das publicações através de uma amostra (ainda que discutível) é afastar possíveis leitores ou arregimentá-los para super-heróis americanos que se publicam desde os anos 30 e 40 e continuam no rótulo de leitura para novas gerações. Ou então, falando do TEX, dizer que o western era para velhos e saudosistas, quando esta série é das mais maravilhosas que se fazem na Europa, só me dá azo a soltar um palavrão.
Como sabes, sou crítico em relação a certas coisas e, naturalmente, nem sempre tenho razão porque frequentemente me engano. No entanto, tenho de dizer que concordo com a iniciativa do CPBD e da Visão, embora, como já disse, a impressão dê a ideia de que a revista passou por um banho de azeite. E dou razão a estas parcerias ou PPP's, porque a Parceria Público(jornal) com a Privada (que me parece ser o actual estado da BD, na sua reservada leitura para idades, conforme querem catalogar), ou a PVP, Parceria Visão e Privada, pretendem deixar no mercado, à evidência, que existem meios de entretenimento em papel para além dos tablets e quejandos.
Olha, Lino, gostaria de prever o que os críticos da BD dos anos 40 e 50 do séc. XXI dirão da BD do primeiro quartel do mesmo, se ainda existir papel para imprimir.

Vou ser sincero, mais uma vez. Este formato agrada-me, pois evidencia a imagem e lhe dá uma envergadura adequada. Tivesse a Visão a "visão" de continuar a publicar mais números de O Falcão, embora eu tenha a maioria deles, decerto continuaria a comprar a revista, ainda que o fizesse pelo acessório com encarte do essencial.

Um abraço

do Santos Costa





Manuel Caldas disse...

Uma iniciativa desastrosa!

JoseFreitas disse...

Caro Santos Costa, existem muitas razões "objectivas" para criticar esta iniciativa, e passo a enumerar algumas. Deve obviamente tomar tudo o que digo com um bom "grão de sal", já que sou parte interessada, sendo corrdenador da área de BD da Levoir para os projectos com o Público, e responsável por outros projectos editoriais de BD. Fica também explicitamente dito que não tenho nada contra a edição de revistas facsimile desta ou de outras épocas, e que todas as iniciativas de BD são boas, por mim; não sou leitor de Petzi, por exemplo, mas nunca teria criticado a pequena colecção que saiu no Público, etc...

Dito isto, há coisas que ofendem um meu brio profissional (por um lado), e o meu interesse como fã (por outro).

Esta edição é totalmente desleixada, e nem estou a falar das óbvias falhas a nível gráfico. Que sentido faz reproduzir aquela página final, que poderia perfeitamente ter sido substituida por um artigo que a contextualizasse? Algo sobre os criadores do Battler Britton e as revistas em que ele foi publicada, ou algo mais interessante, sobre as razões da adaptação dos nomes de personagens para português? Não havia NINGUÉM no Clube para escrever isso? 2000 caracteres que servissem para um leitor desprevenido poder entender o que aquilo é? E na própria revista, um texto que explicasse as escolhas que tinham sido feitas e a ideia que presidiu a esta pequena colecção?

E porquê estes números e estas revistas (em escolhas que de algum modo até nem jogam bem juntas) e não outros? Eram estes que existiam em qualidade para serem (mal) scanadas (e com as imagens não tratadas)? Não me parece. Gosto do formato, acho que beneficia a colecção (embora não favoreça especialmente esta história/desenhador, que vê algumas das limitações do seu desenho algo expostas), mas desde logo faz com que não seja um "facsimile" e portanto, torna impossível de justificar a não-eliminação de matérias acessórias e irrelevantes, e a sua não-substituição por algum conteúdo editorial que favorecesse a edição.

Mas também me incomoda (e muito) o completo ignorar das mais básicas regras da edição no que diz respeito aos direitos. Não há menção aos copyrights, quem detém os direitos, quem negociou/autorizou a edição, e confesso que me sobra a sensação de que a edição é algo pirata, e que por isso mesmo não faz referencia sequer a quem edita.

esta colecção, assim totalmente desenquadrada de tudo, sem textos de apoio, sem o mínimo respeito pelas obras, parece-me que pode fazer mais mal que bem e afastar alguns leitores, por exemplo, de alguma vez quererem experimentar outros generos de BD.

Camilo disse...

Caro JOSÉ FREITAS,
É com grande satisfação que verifico (ainda) haver portugueses com raciocínio tão lúcido.
Falou em direitos, autorizações... é de louvar!...
Iluminados (ou nem isso) na matéria, nem disso se lembraram nem equacionaram. E para quê?! Portugal não é, acaso, um paraíso de pirataria e mau-gosto?!... onde certos indivíduos "navegam", impunes, ao sabor da "maré"?!...
Ah! pois é... o pior... é se aparece alguém a REMAR... contra!!!
JOSÉ FREITAS, receba um GRANDE ABRAÇO do
Camilo Saraiva.
ckamilo@sapo.pt

Santos Costa disse...

Caríssimos José Freitas e Camilo Saraiva

Sem desdizer o que apontei de benéfico na ideia, ou seja, da penetração da BD em mais um segmento de publicação periódica, ainda como aderente, e certo que comungo das reticências e das reservas colocadas quanto à qualidade da impressão e, como foi por vós apontado, a publicação facsimilada sem indicações correlativas ao editor e outras informações que poderiam substituir as "curiosidades" que vieram impressas no original no final, vou ser mais esclarecedor.
Concordo que nem tudo correu bem, mas é um passo e uma porta que presumo aberta para futuras e melhores reproduções, uma vez que a Visão não tem, neste âmbito, a experiência do Público, nem as parcerias possuírem, ao que julgo, igual competência editorial.
Para isso, só para apontar um exemplo, vemos as publicações que o Manuel Caldas (que aqui comentou, dizendo tudo em poucas palavras) trouxe, designadamente sobre o Príncipe Valente: de extrema qualidade, competência e preparação das pranchas através de muito trabalho que teve no aprimoramento de originais ou reproduções tipográficas deficientes. E também não se compadece ou se compara com amadorismo ou diletantismo os magníficos trabalhos que a Levoir e a Asa têm levado até ao Público.
Posto isto, quero reafirmar que:
- não concordei - e não concordo - quando se equaciona a oportunidade da iniciativa, dizendo que esta se veicula para um público maduro e envelhecido;
- que não se faça o que quer que seja, mesmo o que é mais deficiente, porque afastará os leitores da BD, principalmente os neófitos ou adventícios;
- que o cumprimento do direito de reprodução, não expresso na obra, a inquine em termos de conteúdo, porque esse pormenor é de índole legal e ao abrigo das convenções dos direitos autorais;
- que se manifeste o repúdio pelo conteúdo, quando essa rejeição tem mais a ver com a forma;
- que se fale em "pirataria" sem se averiguar se houve ou não transmissão do direito de publicação.
Compreendo, no caso do José Freitas, que se sinta ofendido no que, para si, tem de valor intrínseco uma publicação de BD, que deve reunir, para além da manifestação artística do autor, a garantia de qualidade gráfica que deve prestigiar esse princípio. Essa crítica, a ser lida por quem é atingido neste particular, deve servir como chamada de atenção para futuros empreendimentos, mas que não coarcte outras iniciativas, porque são todas bem vindas. Mais do que recear o afastamento da BD de possíveis leitores assim decepcionados com este trabalho gráfico, receio que se despromova e elimine mais um canal possível de publicações, maxime numa época em que (quase) toda a gente receia editar BD.

Quero deixar claro que apreciei as vossas opiniões.

Anónimo disse...

O Clube Português de Banda Desenhada prestou com "isto" um péssimo serviço à Banda Desenhada!

Camilo Saraiva disse...

..e não só...!

Anónimo disse...

passa-me ao lado.
preferia ediçoes fac simile de preferencia dos numeros 1

Geraldes Lino disse...

Alguns leitores deste blogue, têm demonstrado através das suas críticas, o desencanto de estarem a ser oferecidas pela revista "Visão", alguns "facsimile" de revistas antigas de Banda Desenhada, já que essa oferta não obedece a nenhum critério de seleção. Na ligação que o Clube Português de Banda Desenhada tinha em relação a este projeto inicialmente, era o de serem oferecidos os números um das revistas mais importantes, aos leitores daquela publicação. Posteriormente e por decisão dos responsáveis pela edição, resolveram-na alterar e escolheram (não sabemos de que modo), as que serão publicadas. Trata-se de uma iniciativa única no nosso país, desde que o "Jornal do Cuto" se atreveu a oferecer os nºs. 1 e 2 de "O Mosquito". Mais nenhuma entidade decidiu tal facto. Tratando-se de uma empresa com grande prestígio e mesmo considerando que a aposta embora forte, já não era tão
aliciante, achámos que o investimento e a publicidade granjeada em prol das histórias aos
quadradinhos, seriam muito mais importante do que a simples escolha de outras revistas mais importantes. Num país onde nada se faz e tudo se critica, perder esta oportunidade não seria por certo uma boa decisão da nossa parte. Poderão achar que o papel é mau, que as dimensões não foram respeitadas, que os textos deveriam ter saído com as revistas, que deveriam ter sido publicadas outros exemplares e não estes, a certeza porém é que esta iniciativa poderá levar a outras e está aberto um caminho produtivo, pelo menos no campo da crítica mesmo que não seja construtiva.
Carlos Gonçalves

JoseFreitas disse...

Caro Carlos,
Como disse acima, acho todas as iniciativas boas, agora acho que, visto por quem está por dentro (provavelmente não por quem está de fora) a edição assim sem qualquer texto de apoio ou contextualização (que até poderia ser interessante), sobretudo quando sobra uma página no fim (pelo menos na primeira revista), é um desfavor. CLARAMENTE não contribui em nada para formar pessoas que gostem e percebam de BD, especialmente numa altura emque se está a editar cada vez mais e cadavez melhor (embora não nas tiragens e vendas do antigamente). Por isso discordo: hoje em dia, em Portugal, até se faz bastante. Por isso a pena de ver algo feito assim às três pancadas, que tem zero de hipóteses de perdurar ou de servir de facto para "construir" algo no nosso mercado, e paracontribuir para criar fãs de BD.

JoseFreitas disse...

Aproveito para acrescentar que recebi entretanto a confirmação de que pelo menos uma das histórias/revistas editadas nesta colecção foi reproduzida sem sequer se contactar os detentores dos direitos, ou os seus agentes. O nome técnico disso é pirataria, e entristece-me um pouco que o nome do Clube fique ligado a uma iniciativa desse género.

Levei anos (desde 1999) a trabalhar na BD em Portugal tentando elevar o nível de professionalismo (e de gosto e brio de fazer um trabalho bem feito) nesta área editorial, e lamento constatar que ainda impera o mais completo amadorismo na nona arte entre nós. E depois queixamo-nos quando o público em geral trata a BD como "coias para crianças" ou "pouco sérias". :-P

Santos Costa disse...

Ora, aqui está a resposta a uma condicionante colocada no meu comentário anterior, onde se encontra expresso:
- que se fale em "pirataria" sem se averiguar se houve ou não transmissão do direito de publicação.

Pelos vistos, sempre há "pirataria", embora, sobre este particular, se sugerisse primeiro e se averiguasse depois, tal o estilo do velho Oeste: dispara primeiro,pergunta depois.
A ser correcta a informação obtida por José de Freitas, sim, é imperdoável esse "modus operandi", estando na parceria duas entidades, associação e editora, que privam com o conhecimento dos direitos de autor e de edição. Mesmo que seja apenas num caso, o certo é que é um caso.

Quero dizer que, nesse particular, sou muito sensível. Não publico nada que não seja meu e, caso o faça com trabalhos inéditos ou não inéditos, procuro essa autorização. Isso não obsta a que tenha sido "pirateado" por tudo quanto é sítio, o que relevo e deixo passar.
Durante 16 anos editei uma publicação em formato de livro, periodicidade anual, a cores, com cerca de 250 páginas, onde a escassa Banda Desenhada ali surgida era minha. No meu blog, para evitar confusões, apenas divulgo uma ou outra obra, com exposição de desenhos, capa ou interior, a pedido dos editores ou autores e, mesmo assim, abri a excepção apenas três vezes.

Finalmente, para além de agradecer ao José Freitas este esclarecimento, continuo perplexo por não obtermos, por parte dos autores das publicações, mais respostas às críticas que foram surgindo, a não ser a intervenção de Carlos Gonçalves (curiosamente pela "voz" de entrada do Lino que, ao contrário do habitual, não deixou a palavra para além da matriz no blog); e vou repetindo que mantenho tudo o que defendi quanto à oportunidade e meio de divulgação das revistas através do canal da Visão, como tão bem defendeu Carlos Gonçalves, logicamente com a ressalva e a correcção quanto à "pirataria", que não é tolerável, mesmo na altura em que se "arrebanha" tudo e mais alguma coisa através da internet.

Aproveito o ensejo para comentar a opinião de Camilo Saraiva. Sem saber se estou no rol dos apontados "iluminados na matéria (ou não)", quero dizer que o facto de não se encontrar em colofão ou em qualquer ficha técnica de uma obra a menção do "copyright" , isso não quer dizer que ela seja pirata ou pirateada.
Para exemplo, cito-lhe o caso dos últimos números de "O Falcão", dirigidos por Camilo A. Saraiva (julgo que será o próprio comentador), onde para além do impressor, do distribuidor e do depósito legal, não encontro referência ao cedente dos direitos (enquanto dirigido por Mário do Rosário, lá vinha a Agência Dias da Silva), muito embora creia firmemente que Camilo Saraiva os tenha obtido legalmente.

Carpe Diem

JoseFreitas disse...

Caro Santos Costa, eu não "disparei antes e perguntei depois". O que eu disse inicialmente foi:

"Mas também me incomoda (e muito) o completo ignorar das mais básicas regras da edição no que diz respeito aos direitos. Não há menção aos copyrights, quem detém os direitos, quem negociou/autorizou a edição, e confesso que me sobra a sensação de que a edição é algo pirata, e que por isso mesmo não faz referencia sequer a quem edita."

Fiz apenas menção de que era uma suspeita, mas fundamentei-a dizendo que a não-menção de copyrights era muito suspeita, e que de facto, esta edição não respeitas as regras básicas nesse domínio. Digo-o em conhecimento de causa, porque em quase 16 anos de editar BD, tenho tido SEMPRE que mandar as páginas de créditos aos detentores dos direitos para aprovação. No caso do Battler Britton, ainda mais suspeito era, na medida em que os direitos da personagem pertencem hoje em dia à DC Comics, e tendo eu estado envolvido já napublicaçãode quase 100 livros da DC, sei muito bem o que a casa gasta. Seria impensável que a DC autorizasse a edição de uma revista que não mencionasse os copyrights (como qualquer PROFISSIONAL da área poderia ter intuido imediatamente).

Mas acrescento o seguinte: suspeitei também, na medida em que existem OUTROS projectos de edição de personagens incluídas nesta colecção da Visão, de que eu estou a par (como parte interessada), e que seria EXTRAORDINARIAMENTE bizarro que não tivesse sido informado do seu lançamento pelos próprios detentores dos direitos, no âmbito de negociações existentes. E na verdade, este género de iniciativas mal-pensadas podem ser muito prejudiciais, porque entre outras coisas, podem fazer com que desapareça o interesse nesses projectos de edição.

Geraldes Lino disse...

Costa

Reproduzo excerto do teu comentário que me é (também) dirigido:

"continuo perplexo por não obtermos, por parte dos autores das publicações, mais respostas às críticas que foram surgindo, a não ser a intervenção de Carlos Gonçalves (curiosamente pela "voz" de entrada do Lino que, ao contrário do habitual, não deixou a palavra para além da matriz no blog)"

Aqui tens a resposta:

Eu, Lino, e o Carlos Gonçalves, pertencemos a um colectivo chamado Clube Português de Banda Desenhada - CPBD, e por vezes há iniciativas em nome do clube que são tratadas pelo Lino, ou pelo Carlos Gonçalves ou pelo Pedro Mota, actual presidente do CPBD.

Acontece que não tendo sido eu a tratar do assunto, e por não estar em total acordo com a metodologia da revista Visão que soube por via indirecta, hesitei e até me senti tolhido, por solidariedade institucional, em responder às críticas negativas nos comentários escritos no meu blogue acerca da iniciativa da citada Visão, que não ligou à sugestão de publicar os Nºs 1 dessas revistas dada por quem representou o CPBD (apenas lá vai aparecer o Nº1 da 4ª série de O Mosquito, aliás único número publicado nessa série, nem faço ideia por que motivo foi escolhido).

O Carlos Gonçalves infelizmente não tem blogue, por isso pedi-lhe para entrar nesta controvérsia, sendo ele a pessoa totalmente inteirada da forma como decorreu o assunto. Mas acontece que ele tentou responder aos comentários do blogue e tecnicamente não conseguiu, enviando-me por email o texto para eu próprio incluir na caixa de comentários, o que teve como resultado de a resposta aparecer sob o nome de Geraldes Lino, embora assinado por Carlos Gonçalves, o que também calculei que suscitasse alguma perplexidade.

Pelo que acima expliquei, além da resposta do Carlos Gonçalves, posso acrescentar que soube que a revista Visão já foi contactada por Camilo Saraiva, último editor da revista (que conheci pessoalmente nessa época) e que ele pede indemnização. Quanto aos outros detentores dos direitos, o CPBD teve o cuidado de lhes indicar a Agência Feriaque como detentora dos direitos para Portugal de alguns dos heróis que a Visão escolheu para reeditar. Com todas as falhas que já aqui foram apontadas, incluindo as que derivam da falta indesculpável de cuidado na obtenção feita atempadamente de pedido de autorizações, pormenor incompreensível da parte de uma publicação conceituada como é a revista Visão, como muito bem apontou o meu amigo José Freitas, profissional do ramo.

Portanto, no que tem a ver com "a falta de resposta dos autores das publicações" fica esclarecido que o Clube Português de Banda Desenhada não é autor das publicações, nem sequer co-autor delas, apenas foi contactado para fornecer os exemplares das revistas que os responsáveis da Visão pediram, embora escolhidos por um critério inexplicável (o Mundo de Aventuras acabado de publicar tem data de 9 de Maio de 1974, a seguir ao 25 de Abril, terá sido por isso?).

Por conseguinte, Costa, aqui te deixo uma palavra para além da matriz no blogue.

Espero que também sirva de resposta a um dos anónimos que escreveu o comentário "O Clube Português de Banda Desenhada prestou com "isto" um péssimo serviço à Banda Desenhada!"

Camilo Saraiva disse...

Santos Costa "Para exemplo, cito-lhe o caso dos últimos números de "O Falcão", dirigidos por Camilo A. Saraiva (julgo que será o próprio comentador), onde para além do impressor, do distribuidor e do depósito legal, não encontro referência ao cedente dos direitos (enquanto dirigido por Mário do Rosário, lá vinha a Agência Dias da Silva), muito embora creia firmemente que Camilo Saraiva os tenha obtido legalmente."

TUDO LEGAL. DIREITOS COMPLEAMENTE LEGAIS, (inclusive, compromissos com a ADS).
Adquiri TODO o histórico existencial do arquivo da revista. TOTAL E COMPLETO!!!
Quanto ao resto, continuo a defender que estamos perante um ACTO DE MAU GOSTO & PIRATARIA, que deve envergonhar(!!) aqueles que se julgam ao direito de defender a BD.
Camilo Saraiva.